Ouço muito falar em monitorar o ambiente atrás de informações úteis que possam representar oportunidades para agir e implementar projetos com sucesso. Nesse sentido, constato uma verdadeira paranóia na busca de informações por parte das pessoas interessadas em melhorar seu negócio. Isto muitas vezes causa uma sensação de angústia em não se conseguir ler, estudar e informar-se quanto a tudo o que se quer.
A fim de fazer um contraponto a esse dogma informacional de monitoramento do ambiente, cito uma passagem de Makridakis do livro Safári de Estratégia do Mintzberg, que acredito equacionar um pouco da situação informacional cada vez mais caótica que vivemos hoje:
"Crescemos numa cultura em que aceitamos determinadas afirmações como verdadeiras, embora elas possam não ser. Por exemplo, acreditamos que, quanto mais informações tivermos, mais precisas serão as decisões. As evidências empíricas não apóiam essa crença. Em vez disso, o maior número de informações simplesmente parece aumentar nossa confiança de que estamos certos, sem melhorar necessariamente a precisão de nossas decisões... Na realidade, as informações encontradas em geral são redundantes e provêm pouco valor adicional." (pág. 117)
Basicamente, o que observo é um número redundante de informações que, geralmente, não levam a lugar algum. Estamos rodeados de informativos, como as famosas newsletters, que ou são cópias umas das outras ou trazem tanta informação que é impossível lê-la até o final. Haja tempo e paciência para buscar informações nesse mundo de hoje. Costumo descrever a situação das pessoas como garimpadores de informações, pois, em uma analogia com a mineração de ouro, parece que é preciso de uma tonelada de rocha para conseguir 23,5 gramas do precioso metal dourado.
Isto significa que não devemos buscar informações? Não. Precisamos sim buscar informações, mas é preciso entender que muitas coisas são repetitivas e não representam informação estratégica para seu negócio. Muitas vezes é necessário aprofundar-se na coleta de dados de uma informação específica ao invés de querer saber tudo sobre tudo de maneira genérica, visto que um ótimo insight estratégico pode decorrer de uma informação particular e específica, tal como uma dica quente do mercado de ações. Ouvir uma fofoca verbal de um procedimento de algum concorrente ou algo do tipo parece possuir maior valor estratégico do que saber um dado geral de mercado como, por exemplo, crescimento de X% até 2010 no mercado de software.
Contudo, geralmente, existe um nível informacional equivalente entre os gerentes de empresas, o que se altera é a maneira de perceber e utilizar a informação. A idéia estratégica que se possui hoje é a de que estamos buscando oportunidades em um ambiente externo, pois as informações geradoras de sucesso estariam soltas e vagando por aí para serem encontradas e aproveitadas. Isto até pode ser verdade em termos de informações específicas e privilegiadas, porém muitos sucessos estratégicos decorrem da criação de oportunidades através da interpretação de informações comuns a todos. Quantos investem em uma política de relacionamento mais próxima com o cliente? Quantos empresas estão dispostas ouvir as reclamações de seus clientes e solvê-las? Essas perguntas representam estratégias para fidelizar clientes e constituem informações ditas, reditas, testadas e retestadas, porém as pessoas utilizam-nas muito pouco para construir um diferencial competitivo de bom atendimento ao cliente.
Portanto, enquanto não encontramos alguma informação privilegiada é importante trabalhar as informações comuns para criar oportunidades, pois o sucesso está na capacidade inventiva e de mobilização da empresa para criar e implementar seus planos e projetos. Informação sem ação parece não fazer sentido para a criação de um negócio de sucesso. Em suma, é possível criar um diferencial competitivo com base em dados factuais e informações que hoje estão em abundante acesso a todas as pessoas.
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