quarta-feira, 28 de março de 2007

Comportamento Empreendedor: conhecimento, habilidade ou atitude?

Escrevo o presente post com a intenção de referir uma pesquisa sobre comportamento empreendedor. Conversando com o colega, também advogado, André Vasconcellos Chave sobre empreendedorismo, ele referiu uma pesquisa realizada sobre o tema. Não sabemos exatamente a fonte, mas o importante são as idéias constatadas e não propriamente a autoria.

"Carnegie", renomado empreendedor norte-americano, em suas palestras, costumava fazer uma pesquisa começando com a seguinte pergunta: o que é importante para o sucesso: conhecimento, habilidade ou atitude? Após essa pergunta, pedia ao público que apontasse pessoas de sucesso. Estas eram colocadas em um gráfico em que existiam aquelas características citadas.

Conhecimento representava o entendimento teórico de certa matéria ou questão que a pessoa houvesse adquirido por meios formais. Habilidade simbolizava a experiência adquirida através da prática em certa área de atuação, basicamente, algo que você faz bem e já fez muitas vezes (e.g. know-how). Atitude representava a ação propriamente dita, ou seja, neste local ficavam homens voltados à ação prática, ou seja, ao "pôr em execução".

Observou-se que grande parte das pessoas citadas ficavam localizadas mais perto da atitude. Então, indagou-se por que a atitude parecia ser a característica mais recorrente? A resposta foi algo interessante: as pessoas de atitude geram motivos para adquirir habilidade e conhecimento, ou seja, quem está envolvido em ação tende a buscar meios para aperfeiçoar suas práticas, adquirindo habilidade e formalizando conhecimento.

Nesse sentido, a atitude pode constituir um ciclo virtuoso de aprendizado a partir do momento em que você age, pensa, aprende, refaz, age, pensa, aprende, refaz... Podemos citar a idéia do atirador em aprendizado: fogo, preparar, apontar, fogo, preparar, apontar, fogo...

A atitude pode constituir um meio para adquirir-se conhecimento empírico sobre seu mercado, clientes e negócio. Ao invés de apenas planejar e ficar, literalmente, paralisado por análise, uma atitude mais intuitiva impulsiona as pessoas ao testar e ao sentir para depois racionalizar. Isto contraria a lógica cartesiana do "penso, logo existo" para criar uma lógica do tipo "existo, sinto, logo penso".

Refletindo tais questões sobre ferramentas de gestão, pode-se dizer que pesquisas de mercado e planejamento estratégico são meras ferramentas gerenciais e nada mais do que isto, não constituindo um fim em si mesmas. Logo, não espere uma bela e clara análise (= pesquisa) cair do céu indicando seu foco, visão e caminho, pois estes três elementos precisam ser construídos ao longo do tempo com experiência prática decorrente da ação.

Com certeza não se pode ignorar o papel da análise na formação da estratégia de seu negócio, visto que uma conduta, eminentemente, instintiva pode guiá-lo a uma "extinção pelo instinto". Contudo, esses dois processos são complementares na gestão de uma empresa e devem ser equilibrados para evitar paralisia ou extinção. Em linguagem jurídico-aristotélica dir-se-ia que a solução para esse conflito está em achar o justo meio entre os dois extremos.

Ademais, às vezes perde-se muito tempo pensando em realizar ou não determinado projeto, muitas vezes devido ao medo, à indiferença das outras pessoas, à inércia decorrente da zona de conforto e à pergunta: será que vai dar certo? Nesses casos, talvez, falte uma boa dose de ação para testar, aprender e conhecer. A verdadeira vantagem competitiva das empresas não está em sua habilidade de planejar abstratamente, mas no seu agir concretamente.

Além disso, pode-se dizer que as idéias de atitude, habilidade e conhecimento não são processos rígidos e estanques que podem ser separados, mas constituem um todo que representa uma espécie de abordagem estratégica, visto que aquele empreendedor voltado para a atitude, certamente, possui ao menos um pequeno grau de conhecimento e talvez um pouco de habilidade no que pretende empreender.

Assim, pode-se dizer que em certos momentos precisa-se inverter a lógica "conhecer, habilidade, fazer" que certos planejadores "ortodoxos" estão há muito tempo nos empurrando goela a baixo para "fazer, habilidade, conhecer".

No presente post pretende-se apenas ressaltar o papel motivador, modificador e gerador de valor que a atitude pode representar para seu negócio, visto que não se pretende estabelecer uma fórmula única para empreender, mas expor um modelo de abordagem entre os vários possíveis. Ademais, os caminhos do sucesso não são trilhados por fórmulas prontas e caracterizam-se ainda como um grande mistério, cabendo a cada pessoa escolher e/ou criar sua própria abordagem para vencer. Eu, por exemplo, já escolhi a ATITUDE a ser tomada. E você já escolheu a sua?

Nenhum comentário: